Eucimar: intervenção teria que ter sido há 30 anos, no governo Moreira
Em entrevista à Rádio Trianon, de São Paulo (AM 740), nesta segunda-feira (19), o jornalista Eucimar Oliveira, um dos nomes mais respeitados da imprensa carioca, criticou a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, decretada por Michel Temer. Para ele, os verdadeiros motivos para uma intervenção existiram há 30 anos, quando o atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Moreira Franco, governava o Estado do Rio de Janeiro.
Naquela época, lembrou Eucimar, Moreira era visto em confraternizações com representantes da cúpula da contravenção, como os bicheiros Carlinhos Maracanã e Anízio Abraão David. O jornalista lembrou que o sequestro do empresário Roberto Medina, ocorrido em 1990, teria sido tramado dentro do Palácio Guanabara pelo personal trainer de Moreira, Nazareno Barbosa Tavares, um dos condenados pelo crime.
Nazareno - que foi líder do Comando Vermelho - chegou a ser nomeado por Moreira para o Tribunal de Contas. Quando foi detido pelo sequestro de Medina, seu advogado, Wilson Siston, tentou convocar Moreira Franco, o irmão e um ladrão de carros chamado José Carlos de Carvalho, o “Carlinhos Gordo”, para depor. A juíza Denise Rolins Faria indeferiu o pedido, alegando que se tratava de “pura especulação”. Segundo o Jornal do Brasil, Wilson sustentava que o depoimento de Carlinhos iria explicar “as ligações com Nazareno e mostrar que ambos frequentavam o Palácio Guanabara, tendo o ladrão de carros conseguido entrar na folha de pagamento do estado”.Nazareno estava em liberdade condicional quando foi executado com um tiro na nuca em 1997, em um posto de gasolina, depois de abordado por dois homens que estavam em uma moto. Pouco antes havia prometido, numa entrevista, escrever um livro sobre o envolvimento de políticos e empresários em negócios ilícitos. A polícia nunca encontrou os assassinos.
Apontado como um dos mentores da intervenção de Temer no estado, Moreira Franco é cotado para concorrer a uma das vagas ao Senado, o que lhe daria oito anos de foro privilegiado. Na coluna Informe do Dia, hoje, no jornal O Dia, o jornalista Paulo Capelli publica a seguinte nota: "Moreira Franco (MDB-RJ) é candidatíssimo em 2018. E, mais do que a deputado federal, o braço direito do presidente Michel Temer estuda se lançar ao Senado. A intervenção na Segurança do Rio, costurada por Moreira, será a bandeira na busca por uma vaga no Senado. Não é a primeira vez que ele explora o tema: em 1986, na vitoriosa campanha ao governo do Rio, prometeu 'acabar com a violência em seis meses'. Aliás: aos poucos, Moreira vai minando nomes que dominaram o PMDB-RJ nos últimos anos e retomando o espaço que já teve."
Na entrevista, Eucimar Oliveira aponta outros indícios de que a intervenção no governo fluminense encobre interesses político-eleitorais. O jornalista dirigiu a redação de importantes veículos do Rio de Janeiro, como Última Hora, O Dia, Extra e Meia Hora - estes dois últimos criados por ele. Trabalhou, ainda, na TV Globo, no Jornal do Brasil, na Agência Noticiosa Sport Press e no Jornal dos Sports. Atualmente presta consultoria na área de comunicação. Ouça a entrevista completa em https://youtu.be/_Lz0iymuK88.