AMB agora diz que 'kit Covid' com cloroquina deve ser banido
Depois de defender desde julho do ano passado a autonomia dos médicos para prescrever remédios como hidroxicloroquina e ivermectina para tratar pacientes de Covid-19, a Associação Médica Brasileira (AMB) anunciou sua mudança de posicionamento. A associação, que já foi citada pelo presidente Jair Bolsonaro para defender o uso de cloroquina, agora afirma que os medicamentos não devem ser usados e recomenda que sejam banidos do tratamento da doença.
Em 21 de julho de 2020, interpretada como uma resposta a um pronunciamento da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), que afirmou não concordar com o uso da hidroxicloroquina, a AMB divulgou uma nota defendendo a autonomia médica para prescrever os remédios - sem eficácia comprovada contra a doença. A posição da SBI teve como base os resultados de dois estudos realizados fora do Brasil. Em um deles, feito em 40 estados americanos e três províncias do Canadá, constatou-se que o uso da cloroquina nos estágios iniciais da doença não teve resultado algum. Depois desses e de outros estudos realizados em outros países como China e Reino Unido, a Organização Mundial da Saúde (OMS) também condenou o tratamento de pacientes infectados com Covid-19 com esses medicamentos.
Agora a AMB informa que criou um comitê que revisou estudos sobre a eficácia da hidroxicloroquina e de outros remédios do "kit Covid" no tratamento da Covid-19 e concluiu que, segundo os estudos, os remédios não funcionavam.
De acordo com a AMB, citado pelo G1, os remédios "banidos" são: hidroxicloroquina, cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina, que, segundo agora a associação médica, não devem ser usados em nenhuma fase da doença - nem na prevenção, nem na fase inicial, nem na fase avançada.
Em entrevista à GloboNews, o presidente da AMB, Cesar Fernandes, afirmou que a nova decisão não é motivada por ideologia política. Segundo ele, há um ano, era possível usar a hidroxicloroquina e outros remédios do "kit Covid" para tratar a doença porque os médicos não sabiam se eles funcionavam ou não.
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