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Bolsonaro dá sua versão sobre reunião golpista

Atualizado: 3 de fev. de 2023

Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (2/2) que é 'italiano', dando um sinal de que pretende fugir para a Itália diante das denúncias contra ele feitas pelo senador Marcos Do Val (Podemos), que complicam ainda mais a sua situação. Do Val revelou à imprensa, também nesta quinta, que participou de uma reunião no dia 9/12, em que o ex-presidente e o ex-deputado Daniel Silveira o teriam coagido a participar de um golpe de Estado.

Foto: Agência Brasil / Arquivo

Diretamente de Miami, nos EUA, para onde viajou no dia 30 de dezembro do ano passado, Bolsonaro afirmou a aliados que, na época, teria ficado em silêncio com receio do descontrole de Silveira. Ele também disse que quem convocou o senador Marcos Do Val foi o ex-deputado. O encontro aconteceu no Palácio da Alvorada.


Crime de prevaricação


Tanto Bolsonaro quanto Do Val teriam ficado quietos durante a reunião. Segundo um interlocutor, Bolsonaro ficou “absolutamente calado, inclusive com medo do descontrole e de ser gravado por Daniel Silveira e Do Val”. Mesmo em silêncio, Bolsonaro poderia responder pelo crime de prevaricação, já que teria presenciado o planejamento de um golpe de Estado, dentro da residência oficial da presidência, sem comunicar o fato à Justiça.


Após a reunião, Do Val encaminhou uma mensagem para Bolsonaro, dizendo que teria relatado o ocorrido ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e avisou ao magistrado que Silveira estava fazendo a movimentação para prejudicar a imagem do presidente do TSE.


O plano golpista exigia que o senador marcasse uma reunião com Alexandre de Moraes com o intuito de grampear as falas do ministro. O objetivo seria induzir o magistrado a dar alguma declaração que pudesse ser distorcida ou mal interpretada e, assim, anular as eleições. O ex-presidente derrotado nas urnas seria mantido no poder e Moraes seria preso.


Segundo o relato, Bolsonaro estaria de acordo com o plano e prints de mensagens do deputado Daniel Silveira a Marcos Do Val após a reunião ratificam em partes o conteúdo do encontro golpista. Porém, o senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente que confirmou a realização da reunião, tentou minimizar a gravidade do encontro. O filho 01 afirmou que não houve nada de ilícito.


“Sobre o que está sendo noticiado hoje com relação ao senador Marcos do Val, ele já havia me relatado o que tinha acontecido, que isso seria trazido a público. Contudo numa linha de que essa reunião que aconteceu, ela seria uma tentativa de um parlamentar de demover as pessoas que estavam nessa reunião de fazer algo absolutamente inaceitável, absurdo e ilegal”, declarou.


“Eu peço aqui, obviamente, que todos os esclarecimentos sejam feitos e eu não peço aqui nem abertura de inquérito, porque a situação narrada não configura nenhum tipo de crime. Mas que todos os esclarecimentos sejam feitos para que não fiquem narrativas em cima de narrativas no intuito de superar os fatos. Fato é que dia 31 de dezembro o presidente Bolsonaro deixou a presidência”, prosseguiu Flávio Bolsonaro.


'Italiano'


Bolsonaro não se pronunciou publicamente sobre a denúncia. Mas em entrevista à imprensa na manhã desta quinta, nos EUA, afirmou que "pela legislação" ele pode ser considerado "italiano".


"Pela legislação, eu sou italiano, eu tenho avós nascidos na Itália, e a legislação de vocês diz que sou italiano", declarou.


Questionado pelos jornalistas se pretende fazer o processo de reconhecimento da cidadania italiana, tal como seus filhos, o ex-presidente disse apenas:


"Pouquíssima burocracia e cidadania plena".


A fala, feita justamente no dia da denúncia de Marcos Do Val — que se soma ao caso da minuta golpista encontrada na casa do ex-ministro Anderson Torres, que está preso — indica que Bolsonaro, diante do cerco se fechando, não pretende retornar ao Brasil tão cedo e já vislumbra, inclusive, morar na Itália.


Ainda nesta quinta-feira, Marcos Do Val prestará depoimento, autorizado por Moraes, à Polícia Federal, no âmbito do inquérito que apura os atos golpistas do dia 8 de janeiro e que devem implicar diretamente Bolsonaro.


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