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Brasil deve aproveitar presidência do BRICS para avançar na desdolarização


O presidente da China, Xi Jiping, e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Da Sputnik Brasil

Por Fabian Falconi

O ano de 2025 será marcante para o BRICS. Após ser decidida na cúpula de Kazan, no ano passado, a categoria de países parceiros fará sua estreia na cimeira deste ano, que será realizada no Brasil.


A importância deste ano-chave para o grupo anti-hegemônico e as prioridades da presidência brasileira foram temas do episódio desta segunda-feira (6) do Mundioka, podcast da Sputnik Brasil apresentado pelos jornalistas Melina Saad e Marcelo Castilho.


Novo ano, novos membros

Durante a Cúpula do BRICS de 2024, realizada na cidade russa de Kazan, foi decidido pelos membros que se estabeleceria essa nova categoria de adesão para países que queiram entrar no grupo multilateral.


Ao todo, 13 países foram convidados para integrar o posto de país parceiro do BRICS.


Segundo o assessor do presidente russo para assuntos internacionais, Yuri Ushakov, nove já completaram o processo de adesão e se tornaram parceiros do BRICS em 1º de janeiro: Belarus, Bolívia, Indonésia, Cazaquistão, Tailândia, Cuba, Uganda, Malásia e Uzbequistão.


Ao programa, Cassio Zen, doutor em direito internacional pela Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador do Grupo de Estudos sobre os BRICS (GEBRICS), destacou que nos últimos anos o grupo de países se estabeleceu como um local onde potências regionais conseguem superar suas diferenças.


"É histórico a gente pensar que essa expansão do BRICS incluiu países que são rivais entre si e que agora estão juntos nessa parceria que é significativa para o mundo hoje."


Presidência brasileira

Esses nove novos membros serão recepcionados oficialmente na Cúpula do BRICS sob a presidência brasileira, uma oportunidade de o país pautar a agenda do grupo com os temas que acredita ser importantes.


Segundo Lia Valss, senior fellow do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e professora adjunta da Faculdade de Economia e do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), essa será a defesa do BRICS como um organismo de independência das hegemonias, em vez de submissão a algum lado.


Para o Brasil, diz a professora, não é interessante que o mundo caia em uma nova ordem bipolar, que o obrigue a fazer escolhas. "O Brasil tem demonstrado que ele não gostaria que o BRICS fosse entendido como nenhum movimento anti-Ocidente, anti-Estados Unidos, da mesma forma como ele não quer ser identificado como pró-Estados Unidos."


"A linha da política externa brasileira é muito uma linha de tentar, enquanto possível, se manter em uma certa neutralidade."


No entanto, reforça Valls, não basta apenas defender a multipolaridade sem apresentar propostas substantivas, e essa deve ser a grande contribuição do BRICS, ser esse polo onde políticas efetivas podem ser implementadas, dada uma flexibilidade para que caibam nos países de diferentes origens.


O futuro da economia mundial

Das iniciativas do BRICS, a de maior destaque e importância é o projeto de desdolarização do comércio internacional. A proposta representa tanto uma ameaça para a hegemonia norte-americana que o futuro presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou os países do BRICS com tarifas caso coloquem em prática algum plano para suplantar o dólar como moeda das trocas globais.


Entrevistados pelo Mundioka, ambos os especialistas ressaltam que a ideia não é substituir o dólar no comércio, mas sim prover uma alternativa para as trocas entre os países do BRICS, até como forma de proteger suas economias de uma possível volatilidade do dólar.


"É uma possibilidade rica", diz Zen, "porque daria em certa medida uma previsibilidade e uma alternativa inclusive para o empresário."


"A gente vê o dólar disparando a cada semana, e por isso é importante ter alternativas inclusive para o comércio brasileiro, porque bagunça toda a nossa balança comercial a flutuação do dólar."


Para Valss, as possibilidades não param por aí. "Conforme foram crescendo as trocas de mercadorias, você pode criar títulos emitidos em moedas locais que outro país aceite. Você pode desenvolver moedas digitais. Tudo isso pode ir acontecendo. É uma tendência."


Segundo a pesquisadora do Cebri, como todas as moedas hoje são fiduciárias, isto é, são baseadas na confiança de seu valor, e não no lastro em algum outro bem, basta ter a aceitação dos outros países, e, para descobrir se vale a pena levar adiante, é necessário tentar.


"Então você tem que criar esses mecanismos, tem que ter a experiência de criar. Estamos começando a fazer as trocas em moeda local. Vamos ver se isso se solidifica."

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