Carta pela Democracia sofre ataques bolsonaristas
Depois dos seguidos ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) contra as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral brasileiro, a USP lançou um documento que em apenas três dias já conta com centenas de milhares de assinaturas, mas site que hospeda o documento tem sofrido várias tentativas de ataques hackers.
Lançada na última terça-feira (26), a "Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito!", divulgada pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), já reuniu mais de 400 mil assinaturas até a manhã desta sexta-feira (29).
De acordo com um dos organizadores da iniciativa, o procurador-geral do Ministério Público de Contas de São Paulo, Thiago Pinheiro Lima, somente nos dois primeiros dias depois de lançado, o documento sofreu 2.340 tentativas de ataques hackers.
"Tentam invadir o sistema e tentam principalmente derrubar o site. Pelo que soubemos, colocaram nosso site na deep web e estão incentivando as pessoas a derrubar o site por lá. Eles estão usando palavras de baixo calão, xingamentos, agressões, e tentam se inscrever por outras pessoas, para depois deslegitimar a lista", contou o procurador ao G1.
Desde a divulgação da carta, os bolsonaristas se mostraram bastante incomodados, conforme um levantamento feito pela consultoria Arquimedes - citado pelo Globo -, que analisou as menções ao manifesto, constatando que os perfis bolsonaristas dominaram o debate sobre o assunto no Twitter a partir de segunda-feira. Até quarta-feira (28), o assunto movimentou 91 publicações, sendo que os bolsonaristas representaram 68,8% dos perfis que trataram do tema - para tentar deslegitimar a ação em favor da democracia e atacar os nomes envolvidos. O próprio presidente Jair Bolsonaro (PL) reagiu em seu Twitter com ironia: "CARTA DE MANIFESTO EM FAVOR DA DEMOCRACIA. 'Por meio desta, manifesto que sou a favor da democracia.'", tuitou Bolsonaro, que, algumas horas antes, havia dito que o documento visa defender a candidatura de Lula.
Pinheiro Lima afirmou que as tentativas de ataque já eram esperadas e, por esta razão, seus organizadores pensaram em mecanismos de segurança que funcionam 24 horas por dia para impedir que tai ataques acessem o sistema, conseguindo até mesmo rastrear as origens dos ataques para tomar providências legais cabíveis.
A Faculdade de Direito da USP ressaltou por meio de uma nota que todas as tentativas de ataques hackers "estão sendo monitoradas pela equipe técnica da USP, bem como pela equipe técnica responsável pela coleta de assinaturas".
"Dessa forma, combatendo essas tentativas de invasão, a Faculdade de Direito da USP seguirá no recolhimento de novas adesões e no caminho da Defesa do Estado Democrático de Direito Sempre", disse a universidade.
Até o momento, o manifesto conta com uma lista de personalidades como Roberto Setúbal, Pedro Moreira Sales, Armínio Fraga, Edmar Bacha, Affonso Celso Pastore, Elena Landau, Jose Roberto Mendonça de Barros e Luiz Gonzaga Beluzzo, além de ex-ministros do STF, como Celso de Mello.
A carta é apoiada ainda por artistas como Eduardo Moscovis, Paulo Betti, Bete Mendes, Dira Paes e Debora Bloch, os músicos Chico Buarque, Caetano, Maria Bethânia, Gal Costa e Arnaldo Antunes, as apresentadoras Cissa Guimarães e Astrid Fontenelle, além dos artistas e membros da Academia Brasileira de Letras, Fernanda Montenegro e Gilberto Gil.
Nesta sexta-feira, o presidenciável Ciro Gomes, do PDT, também assinou a carta e afirmou ser importante que todos façam o mesmo. "Vamos mostrar a Bolsonaro e àqueles que ameaçam o estado democrático que estamos juntos", declarou Ciro em suas redes sociais.
A 'Carta' está disponível na internet para novas assinaturas. Assine aqui.
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