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EUA persuadiu secretamente Bolsonaro contra vacina russa


(Foto: Alan Santos/PR)

O governo norte-americano tem pressionado vários países a não aceitar assistência médica de países "prejudiciais" à segurança dos EUA, entre eles a Rússia, explica o jornalista investigativo John McEvoy à Sputnik.

John McEvoy é um jornalista independente que já publicou em vários jornais, revistas e sites, tais como o Declassified UK e o Brasil Wire. Atualmente, o seu principal campo de pesquisa é o envolvimento contemporâneo do Reino Unido na América Latina, especialmente desde a intervenção do primeiro na extração de recursos naturais na Colômbia em 1989.

McEvoy falou à Sputnik sobre sua última participação no Brasil Wire, onde revelou que o Departamento de Saúde dos EUA pressionou o governo brasileiro a não aceitar a vacina russa Sputnik V contra a COVID-19.

Vacina Sputnik V no Brasil e no mundo

O jornalista investigativo revelou à Sputnik que, segundo um relatório do Departamento de Saúde e de Serviços Humanos dos EUA, um adido de Saúde norte-americano baseado em território brasileiro persuadiu o "Brasil a rejeitar a vacina russa contra a Covid-19". A razão para tal, segundo o relatório, seria para conter "influências malignas" nas Américas, ou seja, Rússia, Venezuela e Cuba.

"Resumidamente, descobrimos que para negar a vitória de poder brando da Rússia nas Américas, os EUA encorajaram ativamente a administração Bolsonaro, que deve bastante de seu poder aos EUA, a não adquirir uma vacina aprovada independentemente", explica McEvoy.

Contudo, tal decisão tem mostrado o seu elevado preço, visto que o Brasil já conta com mais de 285 mil mortes pela Covid-19, encontrando-se em sua pior fase desde o início da pandemia, aponta o jornalista.

Até agora, McEvoy não tem conhecimento se existem outros países além do Brasil que implementaram uma medida tão desastrosa por questões políticas. Porém, "se os EUA são capazes de influenciar o maior país da América Latina, é provável que também tenham tentado [ou estejam tentando] implementar as mesmas políticas em outros lugares". Na verdade, o jornalista informou que os EUA teriam enviado outros adidos de Saúde para China, México, Índia e África do Sul, países que poderiam vir a enfrentar medidas semelhantes.

Qual a eficácia de tais políticas na prevenção do uso da Sputnik V?

McEvoy conta que, recentemente, o governo Bolsonaro organizou a compra de dezenas de milhões de doses da vacina russa, algo que poderia ser visto como resposta ao total descontrole por parte de seu governo em gerir a pandemia.

Contudo, antes disso, o presidente brasileiro teria sido bastante lento em chegar a um acordo para adquirir qualquer vacina, exceto a da AstraZeneca, que despertou confusão dentro da comunidade médica em se tratando da política para Covid-19.

"Por que Bolsonaro estava confiando em uma vacina que não estava nem pronta para produção, enquanto outras já tinham tido sua eficácia comprovada? Penso que temos agora nossa resposta."

Por que devemos nos preocupar com estas políticas?

"Não penso estar exagerando ao dizer que a lógica de se negar cuidados médicos necessários a um país durante uma pandemia – simplesmente para impedir uma suave vitória de um inimigo oficial – é quase genocida", comentou McEvoy.

É certo que ações como essas dos EUA já foram observadas em outras situações ao longo dos anos. Por exemplo, as sanções massivas à Venezuela e à Síria, que, para relatores especiais das Nações Unidas (ONU), estariam prejudicando demais as populações dos países mencionados.

No final, tudo acaba por se traduzir em um ato de erosão de soberania que não deveria passar despercebido. No caso do Brasil, Bolsonaro chegou ao poder com o apoio dos EUA, e agora os EUA compartilham a responsabilidade pelas milhares de mortes de cidadãos brasileiros, apontou o jornalista independente.

"O cidadão comum também deveria se preocupar porque quando vemos os EUA acusando a Rússia de desinformação relacionada a vacinas ou interferência em eleições, há um elemento projetado nisso – os EUA são, basicamente, sempre culpados de fazer exatamente o que dizem que a Rússia, ou outro Estado, está fazendo", declarou McEvoy à Sputnik.


Fonte: Agência Sputnik

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