Governo gasta R$ 1,8 mi/ano com assassinos de Rubens Paiva e seus familiares
O governo federal gasta anualmente mais de R$ 1,8 milhão com o pagamento de aposentadorias e pensões aos militares - ou seus dependentes - acusados por tortura, assassinato e ocultação do corpo do deputado federal Rubens Paiva, retratado no filme "Ainda Estou Aqui". Nenhum dos envolvidos foi julgado, 53 anos após o crime.
De acordo com informações da colunista Juliana Dal Piva, do ICL, o governo desembolsa todo mês R$ 59.448,61 com pagamentos de salários para dois oficiais do Exército, além de R$ 80.793,40 em pensões para oito familiares de três outros réus envolvidos na morte de Paiva. No total, os valores chegam a R$ 140.242,01 por mês.
Rubens Paiva foi preso em 20 de janeiro de 1971 em sua própria casa, no Rio, conforme relata o filho dele, Marcelo Rubens Paiva, no livro Ainda Estou Aqui, que serviu de base para o filme de Walter Salles. O parlamentar era um dos símbolos da resistência à ditadura militar (1964-1985).
Em 2014, os militares foram denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF), mas até hoje não foram julgados, e três deles já morreram.
Os acusados são José Antonio Nogueira Belham, Rubens Paim Sampaio, Jurandyr Ochsendorf e Souza, Jacy Ochsendorf e Souza, e Raymundo Ronaldo Campos. Eles foram denunciados por homicídio doloso qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual e formação de quadrilha armada.
Os dois oficiais ainda vivos são o major reformado Jacy Ochsendorf e Souza e o general reformado José Antônio Nogueira Belham.
Souza recebe R$ 23,4 mil por mês, enquanto Belham ganha R$ 35,9. No ano passado, o general recebeu uma gratificação natalina de R$ 17,9 mil.
Os tenentes-coronel Rubens Paim Sampaio e Jurandyr Ochsendorf e Souza, além do general reformado Raymundo Ronaldo Campos, morreram após o início do processo e deixaram oito familiares como pensionistas.
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