Governo sabia do 'iminente colapso' em Manaus 10 dias antes
Um ofício encaminhado pela Advocacia-Geral da União (AG) ao Supremo Tribunal Federal (STF) informando sobre a situação crítica nos hospitais do Amazonas é reveladora de que o governo federal tinha conhecimento do "iminente colapso do sistema de saúde" dez dias antes de se instalar o caos com a falta de oxigênio para os pacientes no estado.
O ofício da AGU atendeu a uma determinação do ministro Ricardo Lewandowski, que, atendendo uma ação impetrada pelo PT e o PCdoB, cobrou do governo um plano para o enfrentamento da crise e deu um prazo de 48 horas para a resposta.
De acordo com as informações prestadas pela AGU, o Ministério da Saúde estava ciente do aumento de casos desde a última semana de dezembro de 2020; tanto que providenciou reuniões de seu secretariado realizadas entre os dias 3 e 4 de janeiro para avaliar o aumento significativo no número de hospitalizações pela Covid-19 na cidade de Manaus. Entre as conclusões do ministério, consta que havia a "possibilidade iminente de colapso do sistema de saúde, em dez dias, o que pode provocar aumento da pressão sobre o sistema, entre o período de 11 a 15 de janeiro".
A AGU afirma que até então "o Ministério da Saúde não havia sido informado da crítica situação do esvaziamento de estoque de oxigênio em Manaus, ciência que apenas se operou em 8 de janeiro, por meio de e-mail enviado pela empresa fabricante do produto".
A empresa, no caso, é a White Martins, principal fornecedora de oxigênio para hospitais de Manaus. A empresa já recomendava que a secretaria do estado identificasse e fizesse a aquisição de volumes adicionais ao contrato diretamente de um outro fornecedor que seja capaz de aumentar a disponibilidade do produto nas áreas críticas.
Mesmo sabendo do agravamento da situação desde o fim de dezembro, o ministro Eduardo Pazuello só foi ao Amazonas com a crise já instalada, dia 11 de janeiro.
120 mil comprimidos de cloroquina
Nas informações passadas pela AGU ao ministro Lewandowski consta que, entre as medidas para ajudar o Amazonas, o Ministério da Saúde enviou medicamentos em janeiro de 2021: 120.000 comprimidos de hidroxicloroquina.
Este medicamento não tem eficácia cientificamente comprovada para o tratamento da doença da Covid-19. Neste domingo (17), técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ao se posicionarem a favor do uso emergencial das vacinas CoronaVac e de Oxford, reiteraram que não existe alternativa terapêutica no combate à Covid-19, ao contrário do que diz o presidente Jair Bolsonaro, a não ser as vacinas.
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