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Guerra política por trás da suspensão da vacina CoronaVac


O contra-almirante da Marinha Antônio Barra Torres, diretor-presidente da Anvisa (Foto: Agência Senado)

A suspensão pela Anvisa dos testes da vacina CoronaVac, desenvolvida em parceria entre o laboratório Sinovac Biotech, da China, e o Instituto Butantan, de São Paulo, ocorre em meio à guerra política entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador João Doria, que firmou acordo para a compra de 46 milhões de doses e para a produção da vacina. Em entrevista, o presidente do Butantan, Dimas Covas, disse que estranhou a decisão da Anvisa e afirmou que o óbito ocorrido não está relacionado à vacina, e, portanto, não haveria razão para a interrupção dos testes.

"A Anvisa foi notificada de um óbito, não de um efeito adverso [da vacina]. Isso é diferente. Nós até estranhamos um pouco essa decisão da Anvisa, porque é um óbito não relacionado à vacina. Ou seja, como são mais de 10 mil voluntários nesse momento, pode acontecer óbitos", afirmou Covas.

Em outubro, o presidente Bolsonaro chegou a dizer que o governo federal não compraria as doses da "vacina da China" nem que ela fosse aprovada pela Anvisa.

De acordo com a nota da Anvisa, o evento adverso teria ocorrido no dia 29 de outubro. Ainda segundo a agência, detalhes sobre a interrupção do estudo da Coronavac não poderão ser divulgados por conta de “compromissos de confidencialidade assumidos no protocolo de desenvolvimento” da vacina. A agência é dirigida desde dezembro pelo contra-almirante da Marinha Antônio Barra Torres, que substituiu interinamente o antigo diretor-presidente, William Dib, e depois foi confirmado no cargo por Bolsonaro. Dos atuais diretores, quatro foram nomeados por Bolsonaro e um, pelo ex-presidente golpista Michel Temer.

Também através de uma nota ainda na segunda-feira, o Instituto Butantan informou que "foi surpreendido" pela decisão da Anvisa. Os testes da Coronavac estão na terceira e última fase. Voluntários que já foram injetados continuarão sendo acompanhados pela equipe de pesquisadores.

Nota do Instituto Butantan

"O Instituto Butantan esclarece que foi surpreendido, na noite desta segunda-feira, com a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e que está apurando em detalhes o que houve com o andamento dos estudos clínicos da Coronavac.

O Butantan informa ainda que está à disposição da agência reguladora brasileira para prestar todos os esclarecimentos necessários referentes a qualquer evento adverso que os estudos clínicos podem ter apresentado até momento."

Política

Encaminhando a questão do combate à pandemia para o campo da disputa política, como faz habitualmente, Bolsonaro disparou fakenews em comentário no Facebook na manhã desta terça-feira (10), inclusive apontando efeitos colaterais da vacina Coronavac e ainda comemorou: “mais uma que Jair Bolsonaro ganha", referindo-se à disputa que trava com o governador João Doria.

O comentário de Bolsonaro foi publicado em resposta a um seguidor, que perguntou se o Brasil poderia comprar e produzir a vacina.

"Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Dória queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O Presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha", escreveu Bolsonaro.

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