Líder camponês é morto na mesma cidade em que Irmã Dorothy foi assassinada
- Da Redação
- há 3 horas
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Liderança comunitária no Pará e defensor de um assentamento rural do Vale do Pacuru contra a investida de madeireiros, Ronilson de Jesus Santos, de 53 anos, foi assassinado com um tiro na cabeça no quintal de sua casa. A execução aconteceu na última sexta-feira (18) na cidade de Anapu, mesma onde a missionária estadunidense Dorothy Stang foi morta vinte anos antes.
Faltava pouco para o almoço e o caçula de seus três filhos saiu para buscar um peixe, o deixando sozinho em casa. Ao voltar, encontrou Ronilson sem vida. Integrante da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Contraf), o agricultor estava à frente do assentamento Virola-Jatobá, um Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) onde vivem 120 famílias.
Quatro dias antes de ser morto, Ronilson postou nas redes sociais um vídeo denunciando madeireiros e pistoleiros que estariam montando acampamentos dentro da área destinada à reforma agrária. “Estão ali construindo barraco, tirando estaca, fazendo tudo, fazendeiro com pistoleiro dentro da área. Isso não pode acontecer”, afirmou.
O caso está sendo investigado pela Delegacia de Conflitos Agrários de Altamira (DECA) que, até o momento, informou não descartar qualquer linha de investigação mas já ter feito a identificação de suspeitos. Ninguém foi preso até o momento.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, comentou o caso em sua rede social. Chamando de covardia a forma como Ronilson foi assassinado, Teixeira caracterizou a região como “palco de conflito entre agricultores e madeireiros” e informou que providências estão sendo tomadas. O chefe da pasta mencionou ter conversado com o secretário de segurança do Pará, Ualame Machado, pedindo “investigação e proteção aos demais agricultores”.
No mesmo post, Paulo Teixeira afirma ter requerido à ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, a inclusão do acampamento e assentamento do Vale do Pacuru no Programa de Proteção de Defensores e Defensoras dos Direitos Humanos.
Os trabalhadores rurais de Virola-Jatobá vivem no terreno de cerca de 40 mil hectares desde 2016. Apesar de já ter sido regularizada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em 2002, a área segue em disputa.
Em nota, a Contraf Brasil apontou que o crime “atinge diretamente um território de luta e resistência da agricultura familiar e reforma agrária, e dos povos da floresta”. A confederação pontua, ainda, que está tomando “as medidas cabíveis para exigir a apuração rigorosa dos fatos e a punição dos responsáveis”.
Do Brasil de Fato
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