PM atira à queima-roupa contra rapaz em São Paulo
Um policial militar foi flagrado na madrugada desta quinta-feira (26) dando um tiro à queima-roupa contra um homem de 24 anos que gravava a abordagem policial durante uma intervenção para remover barricadas feitas por moradores, em Osasco, na cidade de São Paulo. A ação foi registrada por câmeras de segurança da região.
Conforme as imagens da câmera de segurança, o jovem começa a gravar a situação e passa a ser agredido pelo policial militar com golpes de cassetete quando outro agente atira contra ele. A vítima foi levada a um hospital de Osasco, na região metropolitana, mas até o momento não há informações sobre o seu estado de saúde. O caso foi registrado no 89º Distrito Policial do Jardim Taboão.
Inicialmente, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que os PMs foram hostilizados por moradores e que o “homem de 24 anos tentou tomar a arma de um policial, o que levou o militar a intervir”.
Quando confrontada com as imagens obtidas pelo portal Metrópoles, a SSP mudou a versão e disse que, durante a abordagem, “um homem tentou tirar a arma de um policial, quando outro PM interveio”.
Em nota, a secretaria adiciona que “a Polícia Militar analisa as imagens e investiga o caso por meio de Inquérito Policial Militar (IPM). Desvios de conduta não são tolerados pela corporação e todas as medidas cabíveis são tomadas em caso de abuso por parte dos policiais”.
Violência policial
Na noite de terça-feira (24), a jovem Juliana Leite Rangel, de 26 anos de idade, foi atingida com um tiro na cabeça, durante uma ação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na Rodovia Washington Luís (BR-040). Ela ia com a família passar o Natal na casa de parentes em Itaipu, Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro, quando o carro foi atingido por vários disparos feitos pelos agentes da PRF. A moça está hospitalizada, em estado grave. Os policiais responsáveis pelos disparos foram afastados.
No início de dezembro, um policial de São Paulo jogou um homem de cima de uma ponte. Os policiais teriam dado ordem para que duas pessoas em uma motocicleta parassem para averiguação. Como a dupla se recusou a parar, iniciou-se uma perseguição. Um rapaz foi detido e o outro, já dominado pelos policiais, foi jogado de cima da ponte por um policial. Segundo testemunhas, ele sobreviveu com ferimentos.
No final de novembro, o estudante de medicina Marco Aurélio Acosta foi morto com disparo de arma de fogo por um policial militar durante uma abordagem.
Decreto sobre uso da força policial
Na terça-feira (23), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um decreto que define diretrizes nacionais para atuação dos agentes de segurança, entre elas a restrição ao uso de armas letais. “Dentro do Estado Democrático de Direito, a força letal não pode ser a primeira reação das polícias. É preciso que se implante, de forma racional, consciente e sistemática, o uso progressivo da força. Só podemos usar a força letal em última instância”, explicou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, acrescentando ainda: "É preciso que a abordagem policial se dê sem qualquer discriminação contra o cidadão brasileiro, se inicie pelo diálogo e, se for necessário, o uso de algemas dentro dos regulamentos que existem quanto a esse instrumento de contenção das pessoas, evoluindo eventualmente para o uso de armas não letais, que não provoquem lesões corporais permanentes nas pessoas”, Os estados da Federação têm até 90 dias para a regulamentação da medida. O governo do Rio de Janeiro anunciou que entrará com uma ação no Supremo Tribunal Federal contra o decreto.
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