Sem vacina, Bolsonaro suspende compras de seringas
- Da Redação
- 6 de jan. de 2021
- 2 min de leitura

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (6) que o Ministério da Saúde só vai comprar seringas quando "os preços voltarem à normalidade".
Bolsonaro disse que estados e municípios tem estoques suficientes para começar a campanha de vacinação contra Covid-19, mas ele não deu detalhes sobre estes estoques.
"Como houve interesse do Ministério da Saúde em adquirir seringas para seu estoque regulador, os preços dispararam e o MS suspendeu a compra até que os preços voltem à normalidade", escreveu Bolsonaro em uma postagem no Facebook.
Fakenews
Bolsonaro também escreveu que cerca de 44 países estão vacinando, "contudo a Pfizer vendeu para muitos desses, apenas 10.000 doses. Daí a falácia da mídia como se estivessem vacinando toda a população", completou o presidente.
Na realidade, esses países compraram milhões de doses de vacina da Pfizer e estão apenas no início da imunização de suas populações, enquanto no Brasil o governo ainda não informa as datas para o início da vacinação.
De acordo com a estimativa feita na última segunda-feira pelo Our World in Data, plataforma mantida pela Universidade de Oxford, mais de 12 milhões de vacinas já foram administradas em mais de 40 países.
Fracasso
Na semana passada, o Ministério da Saúde fracassou em uma licitação para comprar seringas e agulhas. Conseguiu garantir apenas 7,9 milhões de unidades das 331,2 milhões que tentava adquirir. As empresas reclamaram que os preços pagos pelo governo estavam abaixo dos praticados no mercado.
Após o fracasso em sua última tentativa, o governo brasileiro decidiu proibir a exportação de seringas e agulhas. A decisão foi informada no domingo (3) pela secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos e Odontológicos (Abimo), toda a produção das empresas brasileiras é para atender o atual consumo, para o plano de vacinação do governo e para o uso em hospitais e venda ao público em farmácias. O Brasil produz cerca de 1.3 bilhões de unidades/ano. Para atender a vacinação da população brasileira contra a Covid-19, vai aumentar a produção em cerca de 300 milhões neste ano e 400 milhões em 2022.
Segundo a Abimo, a decisão do governo em restringir a exportação destes materiais não afetará em nada o mercado, porque a maior parte da produção já é para o mercado interno.
Ciro: pressa com cloroquina
As declarações de Bolsonaro também repercutiram nas redes sociais. O ex-ministro e líder do PDT, Ciro Gomes foi dos primeiros a detonar: "Governo Bolsonaro teve pressa em comprar cloroquina superfaturada, levou quase 6 meses para publicar edital para aquisição de seringas e agora suspendeu a compra "até que os preços voltem à normalidade". Seringas e vacinas salvarão vidas que Bolsonaro insiste em condenar à morte!", escreveu Ciro Gomes, explicando em seguida: "Municípios brasileiros têm a cloroquina para um século, mas o medicamento tem validade de até 2 anos. O exército, que comprou cloroquina sem eficácia comprovada, justificou ao Tribunal de Contas da União como uma medida para "levar esperança a milhões de corações aflitos"."
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